domingo, 6 de novembro de 2016

DISLEXIA: UM DESAFIO PARA O PROFESSOR


RESUMO 

Este trabalho teve pr objectivo ressaltar aspectos relevantes da dislexia, possibilitando ao professor um maior esclarecimento para melhor planejamento em sua ação educativa. Foi efetuada uma revisão e pesquisa bibliográfica sobre o tema. Verificou-se que, ao longo do tempo, a maneira como a dislexia vem sendo abordada traz muitas controvérsias e sentimento de impotência para o docente, que não se sente seguro em lidar com esse novo desafio afetando a vida acadêmica dos educandos. Concluiu-se que a informação e o conhecimento sobre o assunto irão nortear o trabalho do professor em sala de aula, possibilitando a qualidade e a eficiência de seu trabalho. Palavras-chave: Dislexia, aprendizagem e desafio. 

1. INTRODUÇÃO 

Vivemos em uma sociedade onde se privilegia a lectoescrita e no âmbito escolar a aprendizagem dessas habilidades é fator básico, primordial e de suma importância. Para a sociedade moderna ser analfabeto é estar em desvantagem, (Ellis Andrew1995). Altamente difundida e pesquisada a dislexia é sem dúvida um dos transtornos que mais preocupa os educadores por não estarem familiarizados com esse distúrbio que afeta a vida acadêmica de tantos indivíduos. A dislexia está inserida dentro de uma categoria denominada de “Transtorno do Neurodesenvolvimento”, referida como Transtorno Específico de Aprendizagem-Segundo o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mental) o diagnóstico requer a identificação de pelo menos um dos seguintes sintomas: 

a) Leitura de palavras feita de forma imprecisa ou lenta, demandando muito esforço. A criança pode, por exemplo, ler palavras isoladas em voz alta, de forma incorreta (ou lenta e hesitante), frequentemente, tenta adivinhar as palavras e tem dificuldades para soletra-las; 

b) Dificuldade para compreender o sentido do que é lido. Pode realizar leitura com precisão, porém não compreende a sequência, as relações, as inferências ou os sentidos mais profundos do que é lido; 

c) Dificuldade na ortografia, sendo identificado por ex. adição, omissão ou substituição de vogais e/ou consoantes; 

d) Dificuldade com a expressão escrita, podendo ser identificados múltiplos erros de gramatica ou pontuação nas frases, emprego ou organização inadequada de parágrafos; expressão escrita das ideias sem clareza. Entretanto, a presença de alguns dos sintomas acima descritos não confirma que a criança tenha dislexia visto que podem ser decorrentes de problemas emocionais, deficiência (intelectual e Sensorial), Síndromes neurológicas diversas, Transtornos psiquiátricos, e fatores de ordem sócios ambientais (pedagógico por ex.,). Nesse sentido o manual (DSM5) considera que, além dos sintomas mencionados devem-se levar em consideração os seguintes critérios: - Persistência da dificuldade por pelo menos seis meses (apesar de intervenção dirigida); - Habilidade acadêmica substancial e qualitativamente abaixo do esperado para a idade cronológica (confirmada por testes individuais e avaliação clínica abrangente); - As dificuldades iniciam-se durante os anos escolares, mas podem não se manifestar completamente até que as exigências acadêmicas excedam a capacidade limitada do indivíduo como, por exemplo: baixo desempenho em teste cronometrado; leitura ou escrita de textos complexos ou mais longos com prazos curtos; altas sobrecargas de exigências acadêmicas; - As dificuldades não são explicadas por deficiências, transtornos neurológicos, adversidade psicossocial, instrução acadêmica inadequada ou falta de proficiência na língua de instrução acadêmica. 

2.METODOLOGIA 

Este estudo caracteriza-se através de uma revisão bibliográfica de diversos autores pesquisados em livros, artigos e internet no período de 1995 a 2011. São apresentados a seguir os dados de revisão da seguinte forma: 

a) Aquisição da leitura; 
b) Aquisição da escrita; 
c) Memória; 

3.RESULTADOS 

3.1. 
Transtorno da leitura Para Colomer e Camps (2002), o ato de ler vai muito além de um ato mecânico de decifração de signos gráficos, é antes de tudo um ato de raciocínio. O leitor utiliza os conhecimentos que possuem para obter informação do texto reconstruindo seu significado e interpretando-o de acordo com seu conhecimento de mundo e, esse novo significado vai permitir ao leitor modelar, incorporar e criar novos conhecimentos. Para ler uma palavra é preciso decompô-la em suas unidades fonêmicas analisar e comparar segmentos e sons reunidos em seu léxico interno, para depois ler a palavra completa, fazendo da leitura um ato difícil (Cappelini; Ciasca, 1999). A leitura para Rota, ohlweiler e Riesgo (2007), não é um ato isolado porque ao mesmo tempo em que se lê está aprendendo a soletrar e a escrever e o processamento dessas informações ocorre não só através de níveis visual e auditivo como também em níveis atencional, conceptual, da fala e sequencial, em diferentes etapas do desenvolvimento. Portanto, se houver falha nesse processo ocorrem os transtornos de aprendizagem se houver uma disfunção neurológica poderá ser a dislexia. 

3.2.
Transtorno da escrita A escrita Uma criança começa a escrever muito antes de frequentar a escola e conhecer como formar letras, ela desenvolve por si mesma técnicas semelhantes a escrita mas que, são perdidas assim que entra na escola e se depara com um sistema de signos padronizados e culturalmente elaborados. Para Ellis (1995),a capacidade de escrever ou anotar alguma coisa ,vai depender da relação da criança com as coisas que a rodeia, que lhe é de interesse e que tenha significado e quando a criança estabelece uma relação funcional com o ambiente que a cerca. De acordo com Ajuriaguerra o desenvolvimento da motricidade, o desenvolvimento mental em seu aspecto mental e especifico o desenvolvimento da linguagem e o desenvolvimento sócio afetivo são fatores que interferem decisivamente no processo gráfico. Uma desordem em qualquer um desses desenvolvimentos pode ocasionar dificuldade na aprendizagem. Essa dificuldade pode se traduzir numa disgrafia que é um transtorno psicomotor que costuma surgir como parte da síndrome dispráxica (letra feia, ilegível) ou por uma disortografia que implica em trocas ortográficas, não havendo nenhum déficit neurológico ou intelectual que explique esse distúrbio. Memória Segundo o Manual de Orientação para Pais e Professores (Dificuldade de Aprendizagem), a memória é um processo que abrange o neurológico, o psíquico e o cognitivo, podendo ser classificada de acordo com o tempo de armazenamento: memória de curto prazo e memória de longo prazo e conforme o conteúdo: a memória sensorial e declarativa. A memória é fundamental no processo de aprendizagem. O nosso cérebro processa a informação captadas através dos sentidos onde é feito um registro sensorial baseado na importância que essa informação temo que não interessa é eliminada no sistema de processamento. A informação importante passa então à memória de curto prazo que é subdividida em imediata onde opera conscientemente ou subconscientemente dura aproximadamente trinta segundos dependendo da importância da informação. As nossas emoções também são prioridade podendo bloquear nossos pensamentos racionais e a memória de trabalho que ocorre em nível consciente e decide se a informação deve ou não passar a armazenagem de longo prazo para ser recuperada no futuro. A capacidade de armazenamento dessa memória para alguns pesquisadores vária com a idade podendo ser manuseada pequena quantidades de informação e o tempo médio de retenção estima-se em adulto de 15 a 25 minutos, passado esse tempo a fadiga e o tédio começam a surgir. Essas informações são catalogada e armazenada na memória de longo prazo que tem capacidade ilimitada. No entanto para que isso ocorra é preciso que a informação tenha sentido e significado para quem aprende. A memória é uma função cognitiva essencial que envolve todo o cérebro pois qualquer alteração na memória afeta as atividades da vida diária ,ou seja qualquer interferência na memória auditiva ,visual e cenestésica. 

4. DISCUSSÃO 
Cada criança é única e a maneira de aprender é peculiar a cada uma. Portanto não existe a criança disléxica, existe uma criança com dislexia. Para Zorzi, o uso que se tem feito sobre dislexia gerou muita confusão e controvérsia, pois distúrbios de aprendizagem de diversas ordens que afetam a leitura e a escrita passaram a ser denominados de dislexia. As crianças diagnosticadas indevidamente sentem-se fracassadas e com baixa autoestima Em razão do pouco conhecimento sobre o assunto os professores se encontram cada vez mais aflitos por não conseguirem lidar com essa situação. É preciso entender que uma criança que não consegue aprender é porque o método com os quais a maioria das crianças aprende não é adequado a ela e que outros fatores podem estar interferindo na aquisição do conhecimento. Outro fator importante que merece ser destacado é a empatia e afetividade que devem envolver todo o processo de aprendizagem, principalmente nos preparos e aplicação das atividades que devem proporcionar ao aluno sentido e significado. Assim, quando há um bom prognóstico de forma precoce ,o aluno consegue amenizar e apresentar avanços na aprendizagem. Mas para isso a ação do professor é primordial, pois, é ele o primeiro a perceber as dificuldades do aluno e a encaminhá-lo para os especialistas adequados e continuará sendo ele quem irá acompanhar e ajudar a vida acadêmica desse aluno disléxico. 

5. CONCLUSÃO
Nossos estudos tem demonstrado que dificuldades na leitura, escrita e memória estão relacionados com a dislexia embora muitas crianças tem sido rotuladas indevidamente demonstrando o despreparo do professor em lidar com esse desafio. Portanto, a escola tem que promover ações em sala de aula que favoreçam a aprendizagem do aluno dislexo, promovendo sua autoestima e desenvolvendo habilidades que os permitam no futuro uma carreira profissional. O aluno disléxico é descrito como portador de necessidade especiais enquadrados na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional. Verifica-se, portanto, a necessidade não só de mudar currículos, mas atualizar métodos, informatizar o professor desde sua formação acadêmica e contínua aprendizagem. É importante ressaltar que o tratamento só terá êxito se houver total integração da equipe multidisciplinar, da escola e da família. O tratamento envolve uma equipe multidisciplinar e quanto mais precoce o diagnóstico, melhores o resultado devido à plasticidade cerebral.

Autora: Fernanda Vilela ( Trabalho Acadêmico)

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