segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Na visão de Gurdjieff, a música deve conduzir a humanidade a um despertar...

Na visão de Gurdjieff, a música deve conduzir a humanidade a um despertar - Por Inexorável Mente

A música objetiva afeta todas as pessoas da mesma maneira. Ela não só toca os sentimentos como os transforma, trazendo o ouvinte a um estado unificado ou “harmonioso” dentro de si mesmo e, dessa maneira, a uma nova relação com o Universo que é em si um campo de vibrações. De acordo com Gurdjieff, a escala musical de sete notas expressa uma lei cósmica fundamental, a “Lei da Oitava”, que governa o desenvolvimento das vibrações, o fluxo de energia, em todos os fenômenos no Universo.Muito do que ouvimos é música. Não apenas ela flui do estado subjetivo, como também afeta cada ouvinte no estado no qual ele se encontra.  Para Gurdjieff, rara é a música objetiva, que requer um conhecimento objetivo da natureza humana, mas especificamente com propriedades do sentimento e do quanto o sentimento é afetado diretamente pela qualidade específica de cada vibração. Imaginem que um artista está criando, Ok? Na feitura de um objeto artístico, digamos que entram preocupações que dizem respeito às possibilidades de se dar forma a esse objeto (objetividade) e às ideias/sentimentos que o objeto causará no sujeito que o apreciar (subjetividade). Mas quanto entra de objetividade e subjetividade nesse processo? Quanto é objetivo e quanto é subjetivo quando um compositor está criando? Não é difícil perceber que tentar responder essa pergunta é a aplicação mais utópica da descrição objetividade/subjetividade, simplesmente porque não há uma possibilidade prática e um método para discriminar qual a porção objetiva e qual a porção subjetiva da criação – afinal, um belo arpejo descendente em sétima diminuta será um procedimento objetivo, que atende às expectativas formais da composição, ou um procedimento subjetivo, que imita uma nuance emocional? A objetividade da música fala do franco diálogo entre a música e o intelecto, enquanto a subjetividade fala dos sentimentos entre a música e o coração.
A Lei das Oitavas mostra que todo o fenômeno evolui ao longo do tempo numa série de passos sequenciais e que isso determina uma hierarquização. Essa sequencia, no entanto, não é uniforme; existem períodos de aceleração e desaceleração, ou, ainda, a energia que impulsiona o surgimento do fenômeno torna-se alternadamente mais forte e mais fraca. Existe, portanto, pontos cruciais nessa sequencia onde energias adicionais devem ser colocadas para que não ocorram desvios que podem acarretar a não concretização do fenômeno. A esses pontos dá-se o nome de choques. Quando uma energia adicional não é colocada no ponto de choque ocorre um desvio na evolução do fenômeno que o distancia da sua concretização.
As Leis que determinam a sequencia dos eventos que compõem um fenômeno qualquer, já eram conhecidas em civilizações antigas e parece ter sido a origem da escala de sete tons da música. Logo, a lei das oitavas pode ser expressa como se Segue: DO – RE – MI – FA- SOL – LA – SI – DO
O primeiro choque entre o MI e o FÁ e o segundo choque entre o SI e o DO. Espaços na escala musical onde estão os semitons, que são os menores intervalos utilizados na escala musical. A distância é mínima e muito sutil. O que faz com que esses choques assim como na música, tenham sua sutileza e sensibilidade. Sensibilidade que não ouso escrever sua força. Neste ponto, uma energia externa deve ser colocada. Se o primeiro choque for dado, a oitava se desenvolve sem desvios até o SI. Neste momento um novo impulso deve ser colocado para que a oitava alcance o próximo dó.
Gurdjieff dizia que qualquer evento dentro da Lei das Oitavas vai evoluir desde que a energia para os choques seja introduzida, de dó para ré, de ré para mi, para fá, sol, lá, si, dó, sendo que este último dó, por sua vez tem as mesmas características do dó inicial, só que ele vai estar situado em uma dimensão energética ou numa qualidade acima que transcende a energia de base para seguirmos em direção aos sons do outro plano, que ecoam diretamente no qualb (coração espiritual) e nos corpos sutis.
A sequencia de dó a dó é chamada de oitava humana ou oitava evolutiva porque a partir de um nível de energia inicial, o processo seguiu através de um conjunto de passos, até que atingiu um resultado que reflete o ato inicial num outro nível ou qualidade ou energia. Os momentos de choque receberam a energia necessária de tal forma que o processo chegou ao seu final. Esse processo ocorre quando temos uma intenção inicial e chegamos ao final obtendo aquilo que havíamos proposto a nós mesmos no início. No entanto existe uma terceira possibilidade onde no choque entre o MI e o Fa existe um suprimento de energia extra que é capaz de levar a oitava para um nível acima em termos de qualidade e ressonância. A esta oitava chamamos de Oitava do Homem Consciente, a oitava que permite que o Centro Mental tenha uma sensibilidade que proporciona um estado de atenção, e a qualidade desta atenção, define os processos. Trabalhamos com esse nível de energia sonora, para possibilitar o Centramento de cada Centro de Inteligência, abrindo as janelas da espiritualidade latente no Diagrama do Eneagrama. E, além disso, é necessário ter atenção suficiente para perceber qual a qualidade do choque. Muitas vezes a energia necessária está no próprio ambiente à nossa volta e para percebê-la é necessário desenvolver uma certa sensibilidade à realidade, tentando perceber qual a qualidade do choque. Muitas vezes a energia necessária está no próprio ambiente à nossa volta e para percebê-la é necessário buscar o estado de presença e desenvolver certa sensibilidade à realidade, tentando perceber nuances e sutilezas. Em alguns momentos trabalhamos com a energia de ordem física, outras vezes mental e muitas de ordem emocional. No entanto é muito importante salientar que tudo é oferecido de algo muito maior, e que somente com o treino da humildade, serenidade e sobriedade, podemos alcançar as notas do céu.

Autora: Fernanda Vilela

Fontes:
Do livreto: The Music of Gurdjieff /de Hartmann
O Eneagrama e as Leis Cósmicas – Instituto Nokhooja
O Eneagrama – Helen Palmer
A sabedoria do Eneagrama – Don Richard Riso e Huss Hudson  

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