terça-feira, 27 de setembro de 2016

Carta para um metabolismo cansado

"Estou fraco! Não descanso e sabe-se se lá quando foi meu ultimo sono reparador. Quando acordo, você não me alimenta e quando me alimenta, não é com qualidade"


Querido humano, eu sei que você anda desapontado comigo. Sei que nos últimos tempos você me esconde em baixo de roupas largas e evita praia. Você me exige uma energia que não tenho. Suas bolachas recheadas e refrigerantes não me dão o suporte necessário.
Fico sobrecarregado e infelizmente, me vejo obrigado a estocar energia em forma de gordura. Eu sei que você se envergonha do seu estoque de energia, mas o que você me pede, não posso lhe oferecer. Estou fraco! Não descanso e sabe-se se lá quando foi meu ultimo sono reparador. Quando acordo, você não me alimenta e quando me alimenta, não é com qualidade.
Estou estressado e próximo de um colapso nervoso. Sei que você espera mais de mim, mas tenho que ser sincero, também esperava mais de você. Você me pede foco, energia e menos gordura. Eu lhe peço nutrientes, hidratação e descanso. E assim como você, estou a ver navios.
Você se chateia com o intestino preso, mas querida, não estou em condições de abrir mão de nada agora. Não me peça para lembrar de algo. Meu estoque de antioxidantes está baixo, minhas membranas celulares sem flexibilidade e a gordura ruim que você consome, acaba comigo! Já não consigo transportar bem o açúcar que você ingere e contra minha vontade, tive que chamar minha amiga insulina com mais frequência. Se você está tonta e com dor de cabeça, a culpe.
E você bem sabe o quanto ela é difícil, sempre que ela aparece de forma desordenada sou obrigado a estocar ainda mais gordura. Desista dos cremes e das massagens, meu amor. Já não respondo aos estímulos externos. Estou tão nervoso que pedi conselhos ao cortisol. Ele me aconselhou a reter o máximo de líquido que puder para me proteger e sempre que possível, me livrar do peso desnecessário dos músculos. Bem, músculos são pesados e eu já não tenho capacidade de carrega-los por aí. Optei pela gordura meu bem, me desculpe.
Com a escassez de nutrientes tive que fazer escolhas drásticas. Não estou mais nutrindo sua pele e cabelo, logo, você os verá ir embora. Estou tão nervoso que cápsulas e suplementos não são absorvidos. Estou bravo com você e agora, não quero mais papo. Estou lhe escrevendo essa carta como um adeus. Estou me desligando e logo, a falta de ar será evidente.
Quanto mais adoeço, mas você me agride com fármacos e eu, sinceramente não entendo por que me tratar assim. Até parece que quer me ver sofrer. Como se não bastasse todos os anos de descaso, agora grita aos sete ventos que sou lento, que seu metabolismo é lento. Dói!! Eu nasci sim com algumas imperfeições, mas imaginava que você, com inteligência de humana, soubesse zelar pelo o seu corpo. Me enganei! Você não prestou atenção aos sinais e abusou de mim. 
Agora que desabafei lhe pergunto, quando me cansar e for embora, onde você irá morar?

Fernanda Vilela

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Pessoas Que Choram Muito São Pessoas Poderosíssimas


Todas as emoções não são iguais nem encontram o mesmo grau de aceitação em nossa sociedade.
A tristeza, entretanto, está catalogada como uma emoção negativa, uma emoção que se deve esconder e que inclusive deveríamos ter vergonha.
As expressões da tristeza, com os ombros caídos, o olhar triste e o choro, são considerados sinais de debilidade e insegurança.
Uma sociedade que sempre demanda que estejamos felizes e alegres, dispostas a comermos o mundo, simplesmente é tremendamente injusta. Porque não funcionamos assim, frequentemente nos entristecemos.
Estigmatizar a tristeza só serve para nos fazer sentir pior, para que pensemos que não somos o suficientemente fortes como para aguentar os problemas sem virmos abaixo. Por que as pessoas que choram são mais equilibradas emocionalmente?
1. Não reprimem as suas emoções: Não há motivos para esconder a tristeza. Só as pessoas seguras de si mesma, com uma grande Inteligência Emocional, são capazes de reconhecer as suas emoções e expressá-las, mesmo que estas sejam consideradas “negativas”.
É necessário muita coragem para nadar contra a corrente e expressar quem você realmente é ou como se sente nesse momento. Na verdade, o filósofo Séneca afirmou que “Não tem maior causa para chorar que não poder chorar“.
Manter a mente fria e reprimir as emoções tem um grande custo, não só para nossa saúde psicológica como também física. Numerosos estudos tem vinculado a repressão emocional com um maior risco de desenvolver enfermidades como asma, hipertensão e patologias cardíacas.
2. Aproveitam as lágrimas para mudar a perspectiva: As lágrimas não só são a água que limpamos a alma senão que também limpamos os nossos olhos, para permitir-nos ver a situação a partir de outra perspectiva.
As lágrimas nos fortalecem e nos permite crescer. Com já dizia a poeta uruguaia Sara de Ibáñez: “Vou chorar sem pressa. Vou chorar até esquecer o choro e alcançar o sorriso”.
Na verdade, 70% das pessoas pensam que chorar é reconfortante. E que o choro nos permite ver a situação por uma perspectiva mais positiva.
Quando terminamos de chorar, a nossa mente se encontra mais clara e em poucos minutos seremos capazes de analisar a situação a partir de outro prisma. Isto se deve a que as nossas emoções se equilibraram e nossa mente racional está preparada para entrar em ação.
3. Sabem que o choro é terapêutico: O choro estimula a libertação de endorfinas em nosso cérebro, que nos ajudam a aliviar a dor e também fomentam um estado de relaxamento e paz. É por isto que depois de chorar, nos sentimos muito melhores e relaxados.
Na verdade, foi verificado que não é conveniente cortar o choro, mas deixar que flua porque a primeira fase só tem um efeito ativador mas a segunda fase tem um efeito calmante que reduz a frequência cardíaca e respiratória, propiciando um estado de relaxamento. Ás vezes, o choro é mais benéfico que o riso.
Um estudo realizado na Universidade da Florida descobriu que o choro é profundamente terapêutico, sobretudo quando se une com um “remédio relacional”, ou seja, quando se aproxima outras pessoas e estas nos dão consolo.
Também perceberam que o choro triste, esse que está destinado a criar novos vínculos depois de uma perda, tem um poder catártico.
4. Não se submetem as expectativas sociais: As pessoas que não tem medo de chorar se sentem muito mais livres, são capazes de expressar-se sem se verem pressas pelos convencionalismos sociais.
Estas pessoas não tem medo de decepcionar os demais nem a mostra sua suposta “debilidade”, porque sabem que na realidade chorar não implica em nada disso.
As pessoas que choram são mais verdadeiras e não querem se ver maquilhadas pelas expectativas sociais. Essa consciência as levam a serem mais livres e a levar uma vida segundo suas próprias regras.
Estas pessoas são verdadeiros “ativistas” que lutam por uma sociedade mais saudável emocionalmente onde as pessoas não se vêem obrigadas a esconder o que sentem.
5. Conectam emocionalmente através das lágrimas: O choro é uma das expressões mais íntimas dos nossos sentimentos.
Quando choramos na frente de alguém, é como se estivéssemos desnudando nossa alma. Por isso, as lágrimas ajudam a criar um conexão muito especial, é como se conectássemos diretamente através do nosso “eu” mais profundo.
Quando uma outra pessoa “aceita” essa tristeza, sem tentar fugir dela ou nos brindar de falsas palavras de alento, simplesmente nos apoia e se mantém ao nosso lado, se cria uma conexão única.
Na verdade, uma das funções das lágrimas é precisamente a de pedir ajuda, mesmo que seja de maneira indireta, mostrando nossa impotência, para que os demais se acerquem e nos conforte.
Portanto, o choro e a tristeza não devem ser percebidos como um sinal de debilidade, senão como um sinal de fortaleza interna e atenção plena.
Não choramos porque sejamos débeis ou incapazes, senão porque estamos vivos e não nos envergonhamos de expressar o que sentimos.
Lembramos que o comparativo da pesquisa não exprime algum tipo de ideologia ou apologia a tal tema de responsabilidade do site, estamos apenas reproduzindo um conhecimento científico.

Autora: Fernanda Vilela 

Escola americana substitui castigo por meditação

Acolhimento do outro, consciência do erro, concentração e tranquilidade. Você consegue imaginar tudo isso como resultado de uma punição? Pois é. Foi com esse pensamento de ato e consequência que uma escola de ensino infantil de Baltimore, nos Estados Unidos, resolveu substituir a punição por sessões de meditação. O resultado, além dos citados acima, foi a melhora na relação entre os alunos e diminuição da taxa de suspensões.

O projeto, implantado pela escola Robert Coleman em parceria com a organização sem fins lucrativos “Holistic Life Foundation”, recebeu o nome de “Mindful Moment Room”, que em uma tradução livre, pode significar “Sala do Momento de Meditação”. Como o próprio nome sugere, trata-se de um mecanismo simples: desacelerar e meditar. A proposta é fazer a criança pensar, mas não no sentido punitivo ou moralista, mas sim em relação à reflexão interior.
Para criar um ambiente acolhedor que nada lembrasse a tão temida diretoria convencional, a sala do programa é decorada com luzes baixas, almofadas e artefatos coloridos e relaxantes. As crianças, então, são motivadas a fechar os olhos, respirar e se reconectar consigo mesmas. Durante o programa, recursos como falar sobre o que houve e estimular a memória também são utilizados.
O coordenador da fundação holística e gestor do projeto na escola, Kirk Philips, em entrevista ao site americano Up Worthy, conta que é impressionante notar a aceitação dos pequenos. “Nos nunca imaginamos que crianças tão pequenas poderiam meditar em silêncio”, relata. A ideia é também estimular que as crianças levem o hábito para suas famílias e amigos.

Consciência de si mesmo e do momento presente
“Mindfulness” é um termo bastante em voga entre os adeptos da visão holística, incorporado recentemente em outras linguagens e áreas de atuação, como a Educação. Sua tradução em português seria “Atenção plena”, mas o termo deriva da palavra Sati, definida como “capacidade de se lembrar, e representa a ideia de estarmos atentos ao que se passa em nosso corpo, em nossa mente e ao nosso redor. A partir desse estado de vigilância constante, seria possível atingir um maior grau de empatia pelo outro e aceitação das coisas.
Recentemente, a meditação com atenção plena tem sido alvo de diversos estudos científicos que apontam para resultados interessantes, como expansão da concentração, incremento da memória e melhora das capacidades emocionais para lidar com situações de stress e trauma.
por Redação

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

A paz só se constrói com um pacto social...


Dia Internacional da Paz é celebrado em 21 de Setembro, foi declarado pela ONU em 30 de novembro de 1981.
Em 21 de Setembro de 2006, por ocasião do Dia Internacional da Paz, Kofi Annan afirmou: 
Há vinte e cinco anos, a Assembleia Geral da ONU proclamou o Dia Internacional da Paz como um dia de cessar-fogo e de não violência em todo o mundo. Desde então a ONU tem celebrado este dia, cuja finalidade não é apenas que as pessoas pensem na paz, mas sim que façam também algo a favor da paz.

A violência continua uma constante. Os motivos que alimentam conflitos e guerras são diversos: a injustiça que obriga dois bilhões a sobreviver com menos de um dólar por dia, divergências culturais e religiosas, sistema militar e necessidades da indústria de armamentos... Tudo faz parte de uma “iniquidade estrutural” que se traduz nas violências nossas de cada dia.
Vivemos uma cultura de violência, fomentada por diversos ciclos viciosos, presentes em todos os lugares: na mídia, nos brinquedos, no trânsito. Isso somado à individualidade e à busca pela satisfação imediata faz com que as pessoas sejam menos capazes de lidar com suas frustrações e estejam mais propensas a transformar pequenos atritos em grandes confrontos.


O Brasil é um dos países onde mais se mata com arma de fogo. São quase 40 mil mortes por ano, ou cerca de uma morte a cada 15 minutos. A maioria delas é causada por motivos banais, como uma briga de trânsito, ou simplesmente tomando uma cerveja em determinado bar, um som com um volume muito alto.

A paz negada e reclamada
A paz enfrenta atualmente uma realidade que se pode denominar paradoxal: ao mesmo tempo em que ela é violada em cada quarteirão, bairro, fronteira, país ou etnia, é também reclamada, com a mesma intensidade da sua violação, em cada discurso e manifestação em prol do bem comum, da não violência, dos direitos humanos, dos direitos da mulher e da criança.
Religiões, líderes religiosos e políticos enfatizam a paz em suas falas ou escritos como realidade impostergável. Basta reportar alguns discursos do papa João Paulo II com suas pregações ou encíclicas ao mundo. Ou Dalai Lama e tantos outros que promovem a paz.
A paz não pode sobreviver sem um pacto, sem uma aliança ampla, que seja fruto do conjunto de todos os esforços humanos em vista da sobrevivência planetária. O caminho para a não violência passa pelo respeito à diversidade de culturas, religiões, práticas sexuais e assim por diante. Se a relação com o outro for profunda, implica o desafio de repensar a realidade e as relações sociais a partir de outros critérios e paradigmas. Desenvolver esta cultura da paz começa pela vida cotidiana de cada um. Demanda uma autêntica conversão pessoal.
Cultura da não violência
 Atualmente, muitas pessoas, desiludidas das políticas do mundo, buscam salvação nos movimentos religiosos que prometem milagres imediatos e se preocupam apenas com a alma. Outros recorrem a movimentos religiosos orientais em busca do equilíbrio interior, sem preocupação social e política.
A não violência não é apenas um ideal a ser buscado, mas uma forma permanente de vida, baseada na justiça e na inclusão social. É preciso cuidar do outro com o verdadeiro sentido da palavra. “O cuidado é uma condição essencial do ser humano e abrange também o contexto da exclusão social, bem como o conjunto da vida em nosso planeta” (Leonardo Boff). Quem aprofunda este caminho percebe que os atos violentos - assaltos, sequestros, assassinatos, manifestações de racismo, de discriminação social e outras injustiças - são apenas expressões ou consequências da estrutura da sociedade, firmada, ela própria, na violência.
A prática da não violência começa na desmontagem concreta e ideológica da violência em toda a sua amplitude. A guerra e o armamentismo parecem, então, absurdos, principalmente em um mundo que gasta por ano mais de 500 bilhões de dólares com armas e não tem dinheiro para alimentar milhões de crianças ou cuidar da saúde das vítimas da Aids na África.
Desenvolver esta cultura da paz começa pela vida cotidiana de cada um. Essa consciência passa inevitavelmente pela escola. É na escola, com o estudo, que aumentamos a nossa liberdade. Porque a liberdade só se constrói quando se tem uma noção de quais são as opções. Se eu tenho só uma opção na minha frente, que liberdade é essa? Mas se eu sei que existem muitos caminhos, a minha liberdade será vivida com mais plenitude. Somente através da educação a pessoa se torna mais consciente e consequentemente mais humana.

Carlos Magno Pessoaprofessor de Filosofia e Sociologia no Ensino Médio público estadual (Bahia) e professor na Faculdade de Ciências Educacionais (FACE), Salvador, BA.

Heteros, gays, lésbicas, trans, bi e o que mais?



   A homossexualidade não é, certamente, nenhuma vantagem, mas não é nada de que se tenha de envergonhar; nenhum vício, nenhuma degradação, não pode ser classificada como doença; nós a consideramos como uma variação da função sexual.
Jones, 1979, p. 739


É muito engraçado ver os religiosos, sem o mínimo de formação, achando-se aptos a explicarem a sexualidade humana utilizando-se da psicanálise, no que tange a homossexualidade, chega a ser cômico para não ser desastroso. Citam o complexo de édipo como se ele fosse um distúrbio, o complexo de Édipo é um período que a criança vivencia até os seus 5 anos de idade meus caros ( Lapanche e Pontalis), tentam resumir o édipo simplesmente em : Pai ausente, Mãe super presente. Não é bem assim, Freud não dedicou um livro ao Édipo para resumi-lo a tal.

Segundo Freud, a criança por volta dos 4 anos de idade, se encontra ligada libidinosamente a sua mãe. Édipo foi um homem grego que amou sua mãe, e é por isso que Freud deu este nome a esta etapa das nossas vidas. É um tanto quanto difícil imaginar uma criança de 4 ou 5 anos, simplesmente gamada em sua própria mãe, mas é mais ou menos isso que acontece com quase todas as pessoas, nessa idade. Se você observar uma criança desta idade, vai ver que ela é manhosa, vive no colo da mãe, e se alguém a tira de perto da mãe ela dá birra. 

Isso acontece também dentro de casa, com meninos e meninas, onde quem sofre com essa ‘paixonite’ pela mãe é o pai e os irmãos, que mal podem se aproximar. Logicamente, uma situação como essa numa família é insustentável, pois afinal, todos, inclusive o pai, querem estar perto da mãe. Pai e filho (as vezes irmão mais velho também) começam a travar uma disputa pela posse da mãe. Este conflito é normal, e acontece com todos nós como já havíamos citado anteriormente.

Normalmente o pai vence, impõe limites à birra do filho, consegue “desgrudar” o filho da mãe. Há um sentimento de “rivalidade” com o pai. É um processo um tanto quanto longo, as vezes mais de 6 ou 12 meses. Com isso, o filho passa então a se ligar mais ao pai, e aos 6 – 7 anos ele já gosta de pescar ou jogar futebol junto com o pai, e já é todo ‘tiete’ do próprio pai.

E assim ele passa a interiorizar as características masculinas do pai, tanto quanto o objeto de desejo, as mulheres, o que só vai se estruturar de fato na adolescência. Mas a semente é plantada na época do complexo de Édipo.

Segundo Freud, a homossexualidade se explica por uma saída “negativa” do complexo de Édipo. Quando o pai da criança não consegue impor limites ao filho, que está literalmente grudado na mãe, o filho não passa a se voltar para as características do pai, e interioriza as características femininas da mãe, inclusive seu objeto de desejo, o homem. Freud cita a relação “pai passivo/mãe dominadora” para este novo triângulo. 

Isto se explica pois, uma relação de pai passivo e uma mãe superprotetora, faz com que o pai não consiga “vencer” a disputa com o filho, pela “posse” da exclusividade da mãe. O filho então torna-se homossexual. É esta a coluna mestra, na teoria de Freud, para uma pessoa se tornar homossexual. Tristann tem uma outra opinião sobre a teoria de Freud e como ela influencia a homossexualidade, o que você poderá ler no texto “Teoria de Freud, até onde podemos considerá-la?”.

Alguns psicoterapeutas hoje, adaptaram esta teoria pra nossa realidade do século XX. Muitos vêem como sendo um processo de triangulação entre pai mãe e filho. José Fonseca, médico-psiquiatra e psicodramatista, diz que a criança entra numa “crise de triangulação”, por volta dos 4 anos. Ela se sente ou não rejeitada, quando descobre que além de uma relação entre ela (a criança) e a mãe, há também uma relação entre os dois, pai e mãe.

“A resolução desta crise pode ser a criança aceitar que ela não é o centro do mundo, que as outras pessoas têm relacionamentos entre si, independente dela, o que não significa que ela receberá menos afeto por isso. Superada essa crise, ela estará pronta para relacionar-se com as demais pessoas, entrando na fase de socialização.” (Costa, 1994)

“Tudo isso acontece com a criança de forma inconsciente, e por volta dos 5 ou 6 anos ela já pode ter resolvido esta crise. Nessa fase, a criança tem como primeiro modelo o relacionamento entre um casal, geralmente heterossexual. Esse primeiro modelo poderá servir como ponto de partida para seus relacionamentos afetivos e sexuais no futuro.” (Costa, 1994)

Mesmo após todas estas teorias, muitos são os casos que fogem do modelo de Freud ou da Triangulação, como citamos. A definição da orientação afetivo-sexual é ainda considerada não explicada.

Freud escreveu dezenas de livros e não foi para religiosos extraírem uma fala ou duas fora do padrão para explicarem o que bem lhe entenderem para confundir a cabeça das pessoas! 

Freud nunca considerou a Homossexualidade doença e nunca a tratou como opção!

As posições de Freud sobre a homossexualidade não eram apenas teóricas: Freud as sustentava na prática (Ceccarelli, 2008). A opinião de Freud, publicada no jornal vienense Die Zeit a respeito de um escândalo envolvendo uma personalidade acusada de práticas homossexuais não é sem conseqüências. Nela, Freud declara que a homossexualidade não releva do âmbito jurídico e, mais ainda, que os homossexuais não devem ser tratados como doentes pois, se a homossexualidade for uma doença, teremos que qualificar de doentes grandes pensadores que admiramos. Há também a carta de Ernest Jones enviada a Freud em 1921 sobre o pedido de admissão de um jovem homossexual à sociedade psicanalítica. Jones é contra a admissão. Freud discorda de Jones e afirma que a admissão, ou não, do candidato dependerá exclusivamente da análise de suas qualidades.

O que parece evidenciar do que foi dito acima é que a questão das “sexualidades desviantes” é um problema que está intimamente ligado a como o imaginário da cultura ocidental lida com a sexualidade. Em toda e qualquer cultura, boa parte da noção de “normal”, e de “patológico”, está em relação direta com o imaginário desta mesma cultura. Na cultura ocidental, é no imaginário judaico-cristão, cujas origens remontam aos mitos fundadores que o sustentam, que encontramos as bases daquilo que é considerado “normal” e, por conseguinte, “desvio”.

Sem dúvida, um dos pontos de ruptura da teoria psicanalítica que até hoje, e talvez ainda por muito tempo, seja problemático para a cultura ocidental é a questão da sexualidade. À despeito de tanta “evolução”, a sexualidade continua a ser um grande tabu. Neste sentido, o texto de Freud (1889) A sexualidade na etiologia das neuroses escrito há mais de 100 anos é de uma atualidade desconcertante. Por outro lado, embora muito já tenha sido dito e escrito sobre o impacto produzido pela publicação dos Três ensaios, o assunto é geralmente debatido, já o dissemos, em relação às revolucionárias posições freudianas a respeito da sexualidade. Acreditamos, entretanto, que a ruptura mais importante trazida por este texto fundador ainda não foi suficientemente avaliada. Trata-se da desconstrução do imaginário judaico-cristão produzida pelos postulados freudianos (CECCARELLI, 2007). Nossas referências mais caras sobre a sexualidade, assim como nossas posições morais e éticas, são baseados no sistema de valores judaico-cristão que são historicamente construídos. Na cultura ocidental, estes valores funcionam como referências identitárias que organizam nosso cotidiano e explicam a origem do mundo e como ele deve funcionar segundo a vontade de Deus: eles são nossa mitologia. Baseado nessa mitologia, o desejo sexual espontâneo é prova e castigo do pecado original – a concupiscência: o homem é fruto do pecado – e a única forma de sexualidade aceita é a heterossexual para a procriação (RANKE-HEINEMANN, 1996). Ao postular, como vimos, que a sexualidade humana age a serviço próprio, Freud destrói o sistema de pensamento que sustentada a crença de uma “natureza humana”.

Nos textos de Freud encontramos vários trabalhos teórico-clínicos, desde o Manuscrito H, endereçado a Fliess, até o Esboço de psicanálise, em que a homossexualidade é discutida. Os que merecem destaques são: Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905, e sobretudo as notas de rodapé acrescentadas em 1925 e 1920), Leonardo da Vinci e uma lembrança de sua infância (1910), O caso de Schreber (1911), e Psicogênese de um caso de homossexualismo numa mulher (1920).

O que se depreende da leitura desses textos, embora algumas ambigüidades existam, é que a homossexualidade é uma posição libidinal, uma orientação sexual, tão legítima quanto a heterossexualidade. Freud sustenta esta posição partindo do complexo de Édipo, fundado sobre a bissexualidade original, como referência central a partir da qual a chamada “escolha de objeto” ou “solução”, que acho mais adequado, vai se constituir. Esta escolha, que não depende do sexo do objeto, é a base dos investimentos futuros. Uma vez que os investimentos libidinais homossexuais estão presentes, ainda que no inconsciente, de todos os serem humanos desde o início da vida, Freud opõe-se com o máximo de decisão, que se destaquem os homossexuais, colocando-os como um grupo à parte do resto da humanidade, como possuidores de características especiais (…). Ao contrário, a psicanálise considera que a escolha de um objeto, independentemente de seu sexo – que recai igualmente em objetos femininos e masculinos –, tal como ocorre na infância, nos estágios primitivos da sociedade e nos primeiros períodos da história, é a base original da qual, como consequência da restrição num ou noutro sentido, se desenvolvem tanto os tipos normais quanto os invertidos (1905, p. 146).

Como conseqüência, continua Freud na mesma frase, do ponto de vista da psicanálise, o interesse sexual exclusivo do homens por mulheres também constitui um problema que precisa ser elucidado, pois não é fato evidente em si mesmo, baseado em uma atração afinal de natureza química (p. 146).

Anos mais tarde, precisamente em 1920, Freud deixa ainda mais clara sua posição em relação à homossexualidade:

Não compete à psicanálise solucionar o problema do homossexualismo. Ela deve contentar-se com revelar os mecanismos psíquicos que culminaram na determinação da escolha de objeto, e remontar os caminhos que levam deles até as disposições pulsionais (1920, p. 211).

A conclusão que podemos tirar é que tanto a homossexualidade quanto a heterossexualidade são destinos pulsionais ligados a resoluções edipianas. 
A base da argumentação de Freud está na visão completamente nova e revolucionária que ele dará à noção de psicossexualidade. No texto de referência sobre o tema, Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, Freud afirma que, no ser humano, a pulsão sexual não tem objeto fixo, ou seja, ela não está atrelada ao instinto como nos animais. Ao contrário, o objeto da pulsão é diversificado, anárquico, plural e parcial; exprime-se de várias formas: oral, anal, escopofílica, vocal, sádica, masoquista, dentre outras. Com isto, Freud divorcia a sexualidade de uma estreita relação com os órgãos sexuais, passando a considerá-la como uma função abrangente em que o prazer é sua finalidade principal, e a reprodução uma meta secundária. Além disto, ao postular que a sexualidade vai além dos órgãos genitais, Freud leva “as atividades sexuais das crianças e dos pervertidos para o mesmo âmbito que o dos adultos normais” (1925, p. 52). Nesta perspectiva, em que as pulsões parciais integram o psiquismo humano, o conceito de normalidade perde seu sentido, tornando-se uma ficção: não existe diferença qualitativa entre o normal e o patológico. A diferença reside nas pulsões componentes dominantes na finalidade sexual. Além disso, se os impulsos afetuosos e amistosos, reunidos na “palavra extremamente ambígua de ‘amor’”, nada mais são do que moções pulsionais sexuais “inibidos em sua finalidade ou sublimados” (Freud, 1925, p. 52 – grifo do autor), cada sujeito possui um vestígio de escolha de objeto homossexual.

Finalmente, à biologia, à moral, à religião e à opinião popular, Freud vai dizer o quanto elas se enganam no que diz respeito à “natureza” da sexualidade humana: a sexualidade humana é, em si, perversa. Agindo a serviço próprio ao buscar o prazer, ela escapa a qualquer tentativa de normalização e subverte a natureza “pervertendo”, assim, seu suposto objetivo supostamente natural: a procriação. A sexualidade é contra a natureza: em se tratando de sexualidade, não existe “natureza humana”.

Freud não apenas argumenta seus pontos de vista teoricamente como os sustenta na prática. Em 1903, quando a homossexualidade era tida como um problema médico e jurídico, o jornal vienense Die Zeit pede a Freud que se pronuncie sobre um escândalo envolvendo uma importante personalidade acusada de práticas homossexuais. Freud responde que a homossexualidade não é algo a ser tratado nos tribunais. (…) Eu tenho a firme convicção que os homossexuais não devem ser tratados como doentes, pois uma tal orientação não é uma doença. Isto nos obrigaria a qualificar como doentes um grande números de pensadores que admiramos justamente em razão de sua saúde mental (…). Os homossexuais não são pessoas doentes (1903 apud Menahen, 2003, p. 14).

Em 1921, Freud recebe uma carta de Ernest Jones, então presidente da International Psychoanalytical Association (IPA). Nela, Jones relata a Freud que recebera um pedido de admissão à Sociedade de um analista homossexual. Jones é contra sua admissão. Na resposta à carta, assinada por Freud e Otto Rank, lê-se:

Sua pergunta, estimado Ernest, sobre a possibilidade de filiação dos homossexuais à Sociedade, foi avaliada por nós e não concordamos com você. Com efeito, não podemos excluir estas pessoas sem outras razões suficientes (…) em tais casos, a decisão dependerá de uma minuciosa análise de outras qualidade do candidato (Lewis, 1988, p. 33).

Finalmente, temos a famosa carta de Freud, escrita em 1935, a uma mãe americana que solicita seus conselhos sobre seu filho homossexual:

A homossexualidade não é, certamente, nenhuma vantagem, mas não é nada de que se tenha de envergonhar; nenhum vício, nenhuma degradação, não pode ser classificada como doença; nós a consideramos como uma variação da função sexual (Jones, 1979, p. 739).

Descontextualizar é a arma predileta dos religiosos, seguida da vontade de compreender as coisas sem o esforço necessário ( uma formação ), por isso o resulta em um mar de ignorância.

Os religiosos apelam para o complexo de Édipo pela sua “luxuosidade” nominal e pela sua pseudo simplicidade em explicar a homossexualidade, como se tal fosse realmente simples, mas não é, do ponto de vista psicológico o Dr. Adriano Facioli no texto “Homossexualidade é opção?” explica

“Esta é uma pergunta muito comum, do senso comum (por isso a coloquei entre aspas), em relação à homossexualidade. Em muitos casos, infelizmente, há pessoas que chegam a afirmar isso de modo categórico. A homossexualidade é um fetiche da curiosidade de nossa sociedade que praticamente criminaliza esse tipo de orientação. E se a homossexualidade é fetichizada, a homossexualidade masculina o é ao quadrado. E ao verbo “fetichizar” atribuo o sentido de dar um valor excessivo ao que quer que seja. Se fetichiza é porque ressalta demais, valoriza demais. É atenção, curiosidade e xeretice demais em relação ao tema.

As pessoas querem logo a resposta, querem logo saber a causa – como se tudo necessariamente pudesse ser explicado ou determinado por uma única causa. Se nasce assim ou se aprendeu; se é uma condição ou uma escolha.

Mas Freud logo adverte: se a homossexualidade é representada como um mistério, isso também deveria caber à heterossexualidade. Para ele há de se perguntar pela gênese tanto de uma quanto de outra. Pois para a psicanálise todos nascemos, vamos assim dizer, “bissexuais”. A orientação originária é a bissexualidade. A monossexualidade, seja ela hetero ou homo, só se dá com o decorrer do desenvolvimento. Neste sentido, psicanalítico, nascemos bissexuais e aprendemos a ser hetero ou homo.

E o termo aprendizagem, para o senso comum, também adquire alguns sentidos que não os adotados pela Psicologia. Basta dizer que é aprendido, para alguém já logo pensar equivocadamente que deve haver alguém, alguma pessoa que ensina. Para não me estender muito sobre isso, resumo: aprendemos o tempo todo, e o mundo (incluído aí o mundo das coisas) ensina.

Mas ouço muito, da boca de muitas pessoas, inclusive e infelizmente, penso eu, de alguns alunos de psicologia: “homossexualidade é opção”. Já ouvi até mesmo gays dizendo isso. Penso da seguinte forma: é uma frase muito genérica e vaga para uma questão tão complexa. É tão vaga que pode adquirir diversos sentidos.

Em uma entrevista na televisão um homossexual deu a seguinte declaração: “é uma opção, sabe”. Ele se sentia como um paladino da liberdade ao dizer isso. Dizia com gosto, com orgulho que era uma escolha, uma opção.

Há também, e com muito mais frequência, pessoas conservadoras e machistas que dizem isso. E o sentido subjacente costuma ser: “se escolheu isso, poderia ter escolhido o contrário; sofre preconceito porque quer; seja homem!”. Ou então: sendo opção, logo é safadeza, moda ou falta de algo para ocupar-se.

E a grande questão é: então o homossexual escolhe isso, ser uma espécie de pária da sociedade? Alguém escolhe isso para sua vida: ser discriminado, diminuído, excluído, maltratado e humilhado? Sim, pois é exatamente assim que os homossexuais são tratados. Se a homossexualidade é uma opção, então completemos a frase: é opção e masoquismo. Pois somente alguém que tem prazer em sofrer é que poderia escolher esta opção.

E mesmos os masoquistas, fique bem claro, nunca o são de modo genérico. Não existe esta história de simplesmente gostar de sofrer. Ninguém é masoquista pra tudo. Pois o masoquismo, em termos comportamentais, muitas vezes nada mais é que efeito da associação entre dois estímulos: um prazeroso e outro doloroso. Masoquistas costumam ter prazer com coisas muito específicas, as quais são exatamente aquelas que foram associadas com alguma forma de prazer muito significativa já vivenciada.

Se a orientação sexual é uma opção, logo as possibilidades são as mesmas para todo mundo. Logo, somos todos, como pretendia Freud, originariamente bissexuais. Eis aí o paradoxo do senso comum: enuncia uma regra que, por implicação lógica, estabelece a bissexualidade como universal, coisa que o próprio senso comum rejeita.

Se a orientação sexual é uma opção, logo existe escolha consciente. E pode se dizer que se trata de algo parecido com, por exemplo, o ato de votar: você vai lá e marca um x. Portanto, chegam a ser ridículas as implicações lógicas que tal bobagem produz.

Porém, continuemos, até o absurdo. Sim, pois todo equívoco desemboca no absurdo.


Primeiro as definições:


1. Homossexualidade é a predominância de atração sexual por pessoas do mesmo sexo.

2. Heterossexualidade é a predominância de atração sexual por pessoas do sexo oposto.

3. Bissexualidade é a atração sexual por pessoas de ambos os sexos, sem a predominância significativa de qualquer orientação.

Se a orientação sexual é uma opção, logo as pessoas escolhem gostar disso ou daquilo, querer isso ou aquilo. E quem é que tem esse poder: escolher do que vai ou não gostar, querer?

Se a orientação sexual é opção, logo há conflito entre alternativas. Senão não haveria opção alguma. Enfim, resumindo: mais uma peça para a coleção gigantesca de besteiras do senso comum.

Portando, a partir dos textos publicados acima se entende que a homossexualidade segundo Freud não é uma doença, nem perversão, nem degradação, nem vício, nem desvio, nem perversão, assim como para com a Psicologia e Psiquiatria, os que o fazem, assim fazem por falta de conhecimento e preconceito para com a real ciência. Uma outra aplicação errônea é aplicar o termo “homossexualismo”, abolido em 1991 pela OMS, pois o prefixo ismo se refere a doença e homossexualidade não é doença.   

Fontes:- Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, Freud- Ceccarelli, 2000- Lapanche e Pontalis, 1991.

Autora: Fernanda Vilela (Estudante de Psicologia)

A evolução intelectual do aluno associada à linguagem musical



A evolução intelectual do aluno, para que esse tenha um desempenho significativo, requer elementos que contribuam tanto na participação do aluno quanto na estimulação para aprendizagem dos conteúdos. 
A prática educativa associada à linguagem musical apresenta relevantes desenvolvimentos no aspecto de conteúdo, cognição e interação entre crianças, além de exercer papel de mediador. A teoria das inteligências múltiplas considera a música como uma delas. 
Segundo Gardner (1995, pág. 21) “Uma inteligência implica na capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural.” 
A inteligência musical é caracterizada pela habilidade de reconhecer sons e ritmos, ter gosto por tocar um instrumento ou cantar.

Quando um professor realiza uma atividade com seus alunos que envolve a musicalização, propicia a eles, de acordo com a forma de aplicação, o estímulo de movimentos específicos que auxiliam na organização do pensamento, além de favorecer a cooperação e comunicação das atividades que são realizadas em grupo. 
É essencial que o professor, além das atividades trabalhadas no dia-a dia em sala de aula, trabalhe de forma paralela conteúdos relacionados com as letras das músicas cantadas.

A música pode tornar o ambiente mais alegre e favorável à aprendizagem, visto que propicia uma sensação diferenciada ao ambiente escolar, proporcionando satisfação àqueles que dele participam.

Autora: Fernanda Vilela